Dez horas da noite. Tristes
apitam fábricas em si menor...
Nos enroscamos aflitos
num banco de jardim.
Nosso amar é complicado.
Exigimos estrelas, luas, brisas
mas entre gases, pó, venenos
dá-se alucinado beijar.
Somos intensos, quase rudes
teu seio cabe em minha mão
tuas mãos, qualquer lugar.
Nada sabe esse beijar
deslizar impudico de mãos
da cidade que se infiltra.
apitam fábricas em si menor...
Nos enroscamos aflitos
num banco de jardim.
Nosso amar é complicado.
Exigimos estrelas, luas, brisas
mas entre gases, pó, venenos
dá-se alucinado beijar.
Somos intensos, quase rudes
teu seio cabe em minha mão
tuas mãos, qualquer lugar.
Nada sabe esse beijar
deslizar impudico de mãos
da cidade que se infiltra.
Na penumbra do subúrbio
(céu escuro na face desta terra destroçada)
a sinfonia de sons confusos
dá ao nosso enredo
o fundo musical.
Preferiríamos Chopin, Lizst, Debussy, Bach...
Engolimos livros, músicas, poemas
assembléias, discursos, conferências
filmes, jornais, teatro, pinturas
porém os corpos frementes
se esmagam ansiosos
transgredindo pecados mortais
num reles banco de jardim...
Porém não, não te angusties!
Ainda assim não profanamos
o cio simples dos animais.
(cascs - 23/12/68 - sp - 29/06/10)