26 de nov. de 2013

Não olhes assim

Caio Martins
















(img: d. richards- tv - 2013 - tela)

Sei dos teus caprichos
marcas, cicatrizes e feitiços
paixão e ira em solstícios
além de qualquer previsão.

Sei de teus amores e sumiços
pendores e calores e odores
ódios e desejos e clamores
riscando o universo de giz.

Não inventei tua beleza
nem és assim por que eu quis
e se me perdi em teus nichos
não é o amor que se desfaz.

O tempo é que é curto e que surta
e encurta e furta a leveza, mas
não me olhes assim, feito bicho!

6 de nov. de 2013

Resquícios

Caio Martins
















(img: cvm - anne67 - 2001) 

Quando eu me for, não lamentes...
Por favor, não chores!

Terás, de meu acidioso ofício
de insanas batalhas contra o Tempo
versos, montes de palavras vadias
fotos de flores, velharias, resquícios
do que se foi, e não se saberá.

Caberá, se um dia amante
relendo antigas poesias,
entrever tantas mulheres comungadas
em profanos rituais e sacrifícios
cujos segredos jamais se saberá.

Mas, amor, se me tens assim, já ido
mesmo que brandindo, patético
espadas e bandeiras em combates
inúteis, não lamentes, nem chores:
de teu amor, tudo se enuncia.

Saberás, só tu, que a nada me neguei
invocando os mistérios de teu riso
de tanto que te amei, um dia...

(scs-06nov13-p/j. d'arc) 

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