6 de mai. de 2014

MENINA TRISTE

Caio Martins














 


(img: nathalia - aquarela - P&B - 04/05/14)

Tens no teu olhar um desvanecimento
como se foras a névoa de outono
que lassa e tão perdida em abandono
dissesses, ao passar, de sofrimentos.
 

E segues só, dobrando tuas esquinas
enquanto ao derredor estrala a guerra
inclemente das ruas, que aterra
tantos sonhos perdidos de menina.

Quebrei-me desarvorado em tuas quinas
andarilho em vão, fugaz pó de terra 
que ao ter-te não percebeu os teus lamentos.


Perdidos no cansaço que extermina
tanto amor,  é quando então de rumo erra
tamanha paixão, teu cio e meu tormento.

scs - 04/05/14.


16 comentários:

  1. Sabe, Caio? Parece que abri um velho livro de poesias, e estou a admirar uma. Sim, talvez eu seja um reacionário nesta arte. Mas prefiro assim.

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    1. Não cabe qualificar, Jorge. Aparentemente, talvez de fato, o conteúdo determina ou escolhe a forma pela qual melhor se expresse. Pode ser um arcaico soneto de versos mancos, uma crônica, romance, ou uma equação quântica. Sentir, dependerá da vivência. E esta, resiste ao Tempo.

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  2. Sim, Caio. Há uma distância desse amor terno, mesmo que com paixão e cio que parece ter ficado naquele tempo ideal que você como poucos sabe qual. Hoje, a paixão se perdeu e o cio se vulgarizou. Mas, não pense que não senti o prazer de ler com calma esse seu belo poema. Homenagens.

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    1. Grato, Milton! A sublimação do cio se dá, oculta, na paixão e seus fracassos dolorosos... Amor é uma construção difícil, interminável, sempre surpreendente. Abração, meu amigo!

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  3. Caio, o poema é belíssimo, intenso e pega na veia! Acho que é um dos mais tristes e belos que já li... Ele tocou aqui no fundo do coração!

    Beijos

    Márcia

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    1. Obrigado, Márcia. Fico feliz se gostou! É soneto imperfeito, todavia denso. Por mais que o revirasse não aceitou formas, ficou como quis. Beijos!

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  4. Algumas tristezas nos imobilizam. Outras extraem de nos poesia e beleza. Foi assim que percebi seu belissimo poema.
    Meu abraco
    Jane

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    1. Grato, Jane Portella. Tudo gira ao redor da forma de ver o mundo e de como nela nos reconhecemos. As perdas do caminho não podem significar as pedras do caminho, que às vezes traduzimos com palavras. Abraços.

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    1. Ôpa! Que bom, tê-la de novo por aqui! Tudo bem com você?
      Homens apaixonados são um desastre... mulheres também! Ambos ridículos... Mas, no auge dos hormônios e enzimas, é uma delícia! Bjs.

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  6. Olá Caio, eu estava saudosa de ler você,
    e chego aqui encontro um magnifico SONETO,
    de sua autoria! Que belo presente para está tarde de inverno.
    Sendo o Soneto a obra prima dos grandes escritores,
    como você, abraços,
    Efigenia Coutinho

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    1. Grato, minha amiga! Saiu meio quebradinho na forma, todavia. Mas, a questão fundamental está na sonoridade e conteúdo. Ainda aprenderei a lidar com isso! Abração!

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  7. Grato pela visita, Márcia. Que bom, que gostou! Abçs.

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  8. Adorei ler em teu blog. Lindo poema. Estou te seguindo.

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Na busca da excelência aprende-se mais com os inimigos que com os amigos. Estes festejam todas nossas besteiras e involuímos. Aqueles, criticam até nossos melhores acertos e nos superamos.

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